Incidência: Os nódulos de tireoide são muito prevalentes, encontrando-se em 20 a 76% da população geral, em estudos de ultrassom (USG).
A incidência tem aumentado, no passar do anos, por conta do aumento de USG realizados, pedidos de rotina. São mais comuns quanto maior a idade, mais frequentes em mulheres e obesos.
1. Apresentação Clínica
Na maioria das vezes, não apresenta nenhum sinal ou sintoma. Muito raramente (menos de 5%), quando estes estão presentes, decorrem de tamanhos maiores, geralmente maiores do que 3 cm, podendo ter sintomas de compressão de estruturas internas, como esôfago (dificuldade de engolir), traqueia (rouquidão), incômodo na garganta, dificuldade de respirar. Nestes casos, pode haver maior risco de malignidade (câncer), e por conta disso, na presença de nódulo e de tais sintomas, o paciente deve procurar o auxílio de um endocrinologista. Porém, a maior parte das causas dos nódulos, em geral, é benigna e são associados a tireoidites (Hashimoto, virais, autoimunes) e cistos coloides. Uma menor porcentagem se deve a tumores benignos, como o caso do adenoma. Assim, como a maioria é benigno e sem sintomas, a importância do conhecimento médico a respeito dos nódulos reside em descartar a possibilidade de câncer de tireoide.
Os nódulos podem ser únicos ou múltiplos. Em menos de 5% dos casos, podem produzir hormônios tireoidianos, desenvolvendo um conjunto de sintomas de hipertireoidismo, a saber: tremores, palpitações, suor excessivo, diarreia, emagrecimento, aumento do apetite, queda de cabelos e unhas fracas, insônia, ansiedade importante. Tais sintomas são inespecíficos, devendo ser confirmados com o médico, por meio dos exames laboratoriais.
2. Investigação
2.1 Exames de imagem:
O USG é o principal exame em que podemos avaliar os nódulos com grande precisão. Avaliamos se há presença de características com maior suspeita de malignidade e, baseando-se em protocolos bem validados, indicamos punção da lesão ou não, a fim de confirmar ou descartar a suspeita.
Características de maior suspeita que os endocrinologistas avaliam no USG: microcalcificações, mais largos do que altos, margens irregulares, invasão de estruturas profundas e presença de linfonodos atípicos.
Com base em três principais protocolos – consenso Brasileiro, Americano e da Sociedade de Radiologia (TIRADS) -, avaliaremos a necessidade de punção, a partir de uma soma de vários fatores, com pontuações diferentes. Devemos compreender que mesmo que tais características acima não sejam identificadas, podemos indicar punção baseando-se no tamanho (geralmente > 1 a 1,5 cm) e em outras características menos específicas. Assim, na prática, a indicação de punção é muito comum nos nódulos de tireoide, não significando que sempre há alta suspeita de câncer, mas sim que precisamos de mais informações para descartar malignidade.
Tomografia de pescoço: somente solicitada caso houver sinais de compressão das estruturas interna, acima mencionados, pois a tomografia avaliar melhor as estruturas mais profundas.
Cintilografia de tireoide: em caso de nódulo com hipertireoidismo (explicado a seguir)
2.2 Exames laboratoriais:
Na investigação do nódulo, sempre devem ser dosados os hormônios tireoidianos (chamados T4L) e o hormônio hipofisário (TSH), para avaliar se há excesso ou falta.
Hipertireoidismo: TSH está no limite inferior ou reduzido + T4L elevado
O hipertireoidismo é o aumento da produção de hormônios pela tireoide. Na presença de nódulo, geralmente solicitamos uma cintilografia, um exame para avaliar se a produção vem da tireoide ou do nódulo. Caso este seja responsável pelo hipertireoidismo (nódulo tóxico), não há necessidade de punção, pois sempre são benignos. O tratamento deste tipo de hipertireoidismo será comentado na sessão seguinte, posteriormente. Caso a tireoide seja responsável pela produção dos hormônios, também apresentará um tipo de tratamento, um pouco diferente do nódulo toxico.
Não sendo o nódulo produtor de hormônios, procederemos a punção por agulha fina (PAAF) quando houver as mesmas indicações acima comentadas.

É o procedimento de coleta de material para estudo citológico (das células) a partir do nódulo em suspeição.
Conforme o resultado, podemos confirmar, descartar ou aumentar a suspeita a respeito de câncer. A Citologia pode apresentar 6 tipos de resultados, conforme a Classificação de Bethesda:

Referência Bibliográficas
– Vilar, Lucio. Nódulos Tireoidianos: Avaliação e Manejo. In Endocrinologia Clínica. 2020.
– Hegedüs L. Clinical practice. The thyroid nodule. N Engl J Med. 2004; 351:1764-71.
– Haugen, B. R. A3. In ATA Management Guideline in Adults Patients with Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer